Meus amigos e companheiros de nossos longínquos tempos em que batalhamos pela nossa integridade física e espiritual contra aqueles que desejavam o nosso extermínio...
Hoje é tempo de relembrar o espírito natalino que está no ar e faz com que encha nosso coração de luz. Essa mesma luz encheu nossos corações quando estávamos no reduto em pleno ano de mil e novecentos e quatorze. Parece que quando se aproxima o natal tem um quê de alegria preenchendo os vazios do coração, mostrando que Jesus está presente em cada um..
Lembro que o mês de dezembro foi cheio de escaramuças com os peludos, onde ganhamos e perdemos muitas batalhas. Eles se aproximavam a cada dia de nosso reduto e a guerra se tornou mais feroz ainda. Quando o sertanejo se acha espremido, acuado, o sangue ferve nas veias e o furor se torna a sua arma mais temida..
Aquele dezembro foi violento sem mais da conta porque luta que se preza não tem descanso não. O jagunço se arruma desde cedo e segue para frente de batalha sem qualquer indicio de medo. Mata e morre sem que se note em seu rosto a dor dos que são humilhados incessantemente..
Como diz a avó Maria: “Só Jesus para entender o nosso coração”..
E a dor dessa saudade nos machuca sem cessar, por que foi um tempo que não gosto de lembrar, mas que vem sempre em minha memória, como que a me castigar a alma..
As lembranças são muito vivas e parece que estou no meio das refregas, sem descanso. Depois então recuo nas recordações e me vejo vagando pelos campos de nossas terras, sem paz, sem um destino certo. Depois, me vejo livre dos embaraços e me sinto outro espírito, já sem mágoas ou ressentimentos..
Naquele dezembro, quando se aproximou a data da comemoração, um silêncio tomou conta da região, pois que já não se ouvia mais tiros, gritos, rumor dos cascos da cavalhada. Tudo andava quieto, pelo menos no dia vinte e três de dezembro..
Chegaram as noticias pelos informantes de que os peludos tinham se retirado para os seus acampamentos de base e que nenhum deles ficara para trás. Isso para nós foi um alívio, pois que então haveria tempo de descanso..
A manhã de vinte e quatro começou calma. Bem cedo, madrugada ainda, os pássaros começaram a cantar. Isso era sinal de que os peludos não estavam chegando. As sentinelas deram sinal de que estava tudo tranqüilo. Assim, pudemos dormir um pouco mais..
O dia amanheceu limpo, sem nuvens e o sol logo surgiu no horizonte. Levantei e fui até o riacho, onde peguei pedras num cesto e levei para frente de minha casinha. Perto de uma imbuia gigante, fiz um presépio e com as pedras construí uma gruta representando o local onde Jesus nasceu. A manjedoura era feita de casca de árvores e o menino Jesus, Maria e José eram bonecos de palha que a avó Inês havia feito. Eram muito bonitos, porque essa avó sabia fazer artesanato como ninguém..
A sustentação da cobertura da gruta foi feita com casca de árvore vergada até o ponto certo. Depois cobri com musgo. Ficou um trabalho muito bonito. Representava bem a família de Belém, que depois se tornou a família universal..
Depois do almoço fizemos uma procissão com todo o povo. Cantamos e rezamos com muito fervor. A alegria tomou conta do reduto, pois nesse dia encontramos paz e tranqüilidade. Ficamos juntos até que chegasse a madrugada do dia vinte e cinco, quando então, cansados, fomos dormir..
No mundo espiritual me disseram que quando se aproxima o natal, toda a terra fica impregnada dos fluidos de amor que representa o nascimento de Jesus. Muitos conflitos pelo mundo cessam nesses dias, para comemorar o advento do menino Jesus. O fato é tão marcante para o mundo, que não há quem resista. A luz espanta as trevas e o amor do Cristo enche os corações humanos..
Vejo isso agora neste nosso Centro Espírita, que está tão lindo, com luzes de todas as cores, que descem do céu e chegam até nós. Os nossos mentores me dizem que são raios de luz que vêm das altas esferas para abençoar a todos..
Vocês não imaginam a beleza que esta casa apresenta. Centenas de amigos espirituais estão presentes nessa hora. Ouvimos musica de origem celestial, que enche nossa alma de amor. O Dr. Bezerra está presente com um grande número de amigos, abençoando a cada um de nós. O pinheirinho enfeitado tem muito mais luzes do que imaginamos. Ele representa o momento histórico do nascimento do Cristo..
Este momento faz com que cessem as guerras, os ódios, os rancores. O espírito imortal se torna dócil e maneiroso. É a ocasião ideal para transformar os desejos humanos em caridade, solidariedade, afeto e mansidão..
A mesma paz que encontramos naquele natal em nosso reduto vemos agora nesta casa de luz, porque os motivos são os mesmos: a comemoração da vinda à Terra do maior espírito que conhecemos..
Meus companheiros dos longínquos tempos de luta. É tempo de vencer os inimigos da luz, os defeitos que temos, as broncas que carregamos. É tempo de sonhar com novas conquistas, não mais aquelas que desejamos quando estivemos na terra, mas as que podem encher nossos corações de alegria e felicidade, tendo como base o amor de Jesus..
Recebam o meu abraço de amor...
Maria Rosa..
Mensagem psicofônica recebida pelo médium Luiz Marini, em sessão mediúnica no Centro Espírita Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, em Pato Branco, na noite de 17 de dezembro de 2008.
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